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João Calvino |
Calvino não visava em sua obra meramente uma reforma doutrinária e uma reforma da vida da igreja, mas também a transformação de toda a cultura humana em nome de Jesus e para a glória de Deus. No calvinismo não há, portanto, dicotomismo entre cristianismo e cultura. Devido à compreensão calvinista da criação do cosmos, da universalidade da revelação de Deus na criação, e da organização cosmonômica da criação, o pensador calvinista não pode pensar em termos de uma distinção não-qualificada entre as esferas humanas e divina de atuação. A soberania e iniciativa divinas englobam inclusive o curso da história e da cultura humanas que também se tornam veículos da revelação de Deus.
Entre os fundamentos da cosmovião calvinista destacam-se o pensamento pressuposicional e antitético ante o pensamento apóstata, a heteronomia revelacional associada a pressupostos escriturísticos, a antropologia ptomática que inclui a afirmação da infinita diferença qualitativa entre o Criador e suas criaturas, dos efeitos noéticos do pecado e do sensus divinitatis, a escatologia palingenética que determina os rumos do pensamento sócio-político reformado, isso para citar apenas alguns dos principais fundamentos filosóficos que estão presentes em estado germinal ou latente na obra de Calvino."
Texto extraído do livro: A verdadeira vida cristã - João Calvino | Editora Novo Século, São Paulo 2000
Ricardo Quadros Gouvêa - Introdução, pg.1